sábado, 12 de novembro de 2011

A porta

Ela está sempre ali parada, intacta, se perdendo em sua luxúria estupenda, sem começo e nem fim. E quando tentam tocá-la, ela recua, ela não permite que ninguém vá tão fundo até a alma que a pertence tão bem. Ela prefere manter-se estacionada nos vãos das vidas de outrem, sem que haja a responsabilidade de ter que agradar alguém. Assim ela se encontra, se depara, se debate e se mantém! Muita vida, muita honra, muita coisa é sua refém, mas mesmo nas esquinas em que não se arrisca a dobrar, um sino uma hora irá tocar, e chamar sua atenção que até então não conseguiram encontrar. Pode demorar, pode estar longe, pode estar perto, pode ser certo, pode não ser, mas ainda assim, em algum momento ela irá despertar, e despertando irá lutar, e lutando irá ganhar, e ganhando... Ela está sempre ali parada, intacta, mas se por uma questão de horas alguém conseguir vê-la sorrir, fazê-la rir, então este ser merecerá, mesmo que pouco, mesmo que vago, merecerá enfim roubar todos os seus sonhos, compartilhar os segredos, e por ela atravessar. Mas se por um acaso, qualquer caso, alguém puder a magoar... Toc toc! Ela não irá abrir. Toc toc! Ninguém mais seu coração irá partir. Toc toc! Nas suas ânsias conseguirá resistir. Toc toc! Ela não quer mais brincar. Ela não quer mais amar. Ela não quer ter que dividir sua história com ninguém, descobriu na independência do seu ser que consegue ir mais além se não tiver que se render aos caprichos de ninguém. Toc... toc!

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