sábado, 23 de abril de 2011

Você precisa crescer!

Você precisa crescer... Aceitar que você não é e nunca será o centro do universo. Aprender que não vai ouvir sempre o que deseja ouvir e isso não deve te desanimar. Aprender que as pessoas vão sim te julgar, que isso não é um conto de fadas e nem sempre tem um final feliz. Aprender que quanto mais alto se está maior é a queda, mas que existem coisas pelas quais vale a pena arriscar-se e que não significa que só porque está no alto você vai cair. Aprender que fugir não resolve nada, mas que calar às vezes resolve muita coisa. Aprender que não existe igualdade, mas que isso não o impede de fazer sua parte e ser alguém melhor, não para os outros, mas para você mesmo. Aprender que não existe vitória sem luta. Aprender que nem os opostos e nem os dispostos se atraem, as pessoas apenas se atraem, se vai acontecer algo é que depende de estar disposto e pessoas opostas podem sim se amar e serem felizes, assim como as iguais. Aprender que não existe amor à primeira vista, precisa se olhar mais de uma vez para conseguir amar verdadeiramente. Aprender que mesmo quem você muito ama vai te decepcionar pelo menos uma vez na vida e que isso é absolutamente normal, somos todos humanos. Aprender que se não existe discussão, não existe diálogo, ninguém é tão igual ao ponto de concordar com tudo. Aprender que lágrimas não podem ser oprimidas, pois podem ferir a alma. Aprender que existem vários caminhos para se realizar um sonho, que não se deve desistir no primeiro erro, pois com toda a certeza você ainda vai errar muito. Aprender que magoar os outros faz parte da vida, mas que existe uma palavra chamada “perdão” que corrige muitos erros. Aprender que sentimentos são químicas, mas que devem ser levados muito a sério para não entrarem em conflito. Aprender que usar a felicidade como máscara para esconder suas angustias não só te faz piorar como ainda não engana a todos perfeitamente, sempre tem alguém que te conhece mais e vai notar o seu estado em algum momento. Aprender que ninguém tem a obrigação de completar o seu coração, por isso não se deve passar a vida procurando o amor e sim deixar que ele te encontre. Aprender que muitas vezes você vai fazer muito por quem pouco faz, mas que arrependimento existe para colocar juízo em sua mente. Aprender que se você quer ser respeitado, deve respeitar. Aprender que o que as pessoas mais querem em você é mudança, mas que elas aprendem a te aceitar assim como é com a convivência. Aprender que erros nos ensinam mais do que a idade e que o tempo passa, mesmo quando a pilha do relógio termina. Nessa vida tudo se aprende, depende das experiências vividas por cada um, a única coisa que nós jamais vamos aprender é a morrer, por isso aprenda o máximo que conseguir antes de partir, ninguém sabe o que vem depois.

sábado, 16 de abril de 2011

O Monólogo



- Clarisse, vamos andar lá fora, escalar os montes, Clarisse!
Todo fim de ano era a mesma coisa, íamos para a fazenda subir aqueles altos montes e escorregar na grama macia com caixas de papelão.

- Vem Clarisse, ali é mais alto.

E ela sempre ia além, sempre se aventurava, sempre sorria. Vivia como uma criança, vivia cheia de muita vida.

- Aí é muito alto, pode se machucar, Clarisse! Ei Clarisse!

Mas ela sempre ia onde eu não podia, buscava felicidade, não se importava com nada e nem com tudo, apenas não se importava.

- Eu avisei, foi se machucar e sujar o seu vestido, Clarisse?

E ela voltava logo com o joelho esfolado, para ela era como um prêmio, e depois de passar o ardor ela voltava a sorrir e voltava ao seu mundo, onde não era gente grande, onde era anjo, não domada.

- Não vá se machucar de novo, Clarisse.

Mas logo ela retornava, dessa vez seus lábios carnudos com um corte, a testa toda suja de terra, as bochechas vermelhas de sol, mas como sempre, nunca se importava, ela voltava e brincava de ser ninguém.

- Clarisse, sai da chuva!

A água lhe corria o corpo e lhe fazia bem, limpava a alma, purificava o seu ser, tirava dela tudo o que já não tinha, ao começar pela tristeza que eu nunca a vi sentir. As gotas pesadas da chuva eram suas lágrimas, mas lágrimas de alegria e de verdade.

- Vem pra dentro menina, vai pegar um resfriado aí fora, o vento é forte, vem Clarisse, vem pelo seu bem.

A garota ria e se contorcia para livrar-se da água, estava no balanço sonhando voar, ia bem para o alto, em segundos fechava os olhos e podia ir para qualquer lugar onde fosse uma princesa, a bruxa e a rainha, onde fosse tudo o que queria ser.

- Clarisse, vem pra dentro, o sol já vai se por.

Ela acenou ao longe, mas ignorou as palavras ditas, saiu correndo e levando consigo todas as cores do céu, que aos poucos se diluía em noite profunda.

- Clarisse, o jantar, Clarisse!

Ela não sentia fome, ela só queria viver toda sua liberdade oposta ao mundo, sentir a brisa do cair da noite, ouvir os grilos, caçar vaga-lumes, molhar os pés no rio.

- Clarisse?

Mas ela não me ouviu, assim como ninguém a viu.

- Clarisse!

Minha voz a ecoar os campos, mover as flores. O balanço vazio era controlado pelo vento. Subi os montes e cheguei ao barranco, um corpo sujo, impuro, imaturo, indesejável, não era ela, não podia ser.

- Vamos Clarisse, vamos lá para fora, quero te levar embora.

Naquela cama gélida de um gélido hospital, o ruído que vinha dos corredores, o tic tac de um relógio na parede, um vazio entre a imensidão branca, um vazio por dentro e por fora, o coma.

- Clarisse, por que sempre me deixa falando sozinho? Por que não me escuta, Clarisse?

E como resposta eu tive o silêncio.