segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Diário

Eu fico flutuando, viajando entre as ondas e os montes, eu subo muito alto até quase não ter mais ar e de repente eu desço, uma queda brusca, ardorosa, que incomoda, parece um punhal rasgando o peito. Quando estou lá em cima eu sou dona do mundo, dona de ninguém, eu pertenço a ninguém, eu sou minha e é o que importa, capaz de passar por qualquer que seja o obstáculo, de qualquer que seja a forma, mesmo as mais insanas, e eu estou sempre rindo, gritando, dançando, esbanjando toda a felicidade que em minha alma cabe. Mas quando eu caio, quando eu desço, que desespero, parece que nada está no lugar onde devia estar, parece que por mais que faça esforço não vou me levantar, falta um pedaço enorme do meu ser, falta a vontade pra querer viver, uma falha necessária pra eu crescer. E se eu ruir? E se não aguentar? Se meu coração se despedaçar com tantas mudanças de clima dentro dele? Pois quando aqueço eu sou toda inverno, e se estremeço eu sou puro inferno, mesmo quando esqueço tudo o que eu procuro, tudo o que mais quero é não mais sentir, é tirar de dentro, tirar com a mão qualquer que seja a sintonia, deixar de me dobrar aos seus pés e de relutar, eu já não mais quero subir e nem descer, quero estar neutra, tão na mesma que nada irá mudar meus conceitos, não quero mais enxergar também, nem quero estar além, eu preciso de calmaria vinda do mar, e não enchente, eu estou tão ausente que já não encontro por onde caminhar e nem se quer eu sei se desejo continuar, é como se eu quisesse não existir, ou como mágica sumir e deixar de estar na mente de qualquer um que seja.

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