sábado, 12 de março de 2011

Meu Particular


Apenas por um dia eu quero ser livre! Não quero ser a filha de ninguém, a estudante de nada, nem uma conhecida ou alguma companheira. Eu quero me amar tanto ao ponto de praticar um narcisismo extremo. Eu vou vestir minha melhor roupa e não vai ser para impressionar ninguém, vai ser apenas para me agradar e me sentir bem, sem críticas alheias, vou deixar meu cabelo voar com o vento sem me importar como ele vai ficar depois, até porque eu gosto quando ele fica bagunçado, parece mais 'eu', vou colocar um salto muito alto ou andar descalça e me sentir bem com isso tudo, que é tão pouco. Só por um dia eu não vou aos lugares onde me mandarem ir, eu vou onde tiver vontade, se tiver vontade de sair, pois eu posso ficar em casa e ainda assim me divertir, tirar fotos fazendo caretas, dançar de meia no chão do quarto ou aprender a tocar algum instrumento imaginário. Eu quero me olhar no espelho e ter a certeza de que sou a pessoa mais bonita do mundo, por dentro e por fora, vou comer tudo o que tiver vontade e não vai me fazer mal algum, mesmo que seja tóxico, eu vou ter no meu jardim um dinossauro e uma montanha-russa. Por um dia eu quero ser invisível aos olhos humanos, respeitar minhas próprias diferenças e fingir que não sei nada, a não ser viver. Eu nasci para ser, e apenas por um dia eu quero ser quem eu nunca fui, mas nasci para ser. Meu coração poderá se fechar para o mundo e se abrir mais para mim, me permitindo revelar todos os meus segredos, até aqueles que nem eu mesma sei. Vou entrar na minha casa vazia, vou vestir um par de pantufas de urso panda, talvez ouvir alguma música triste e ainda assim me sentir alegre, serei eu e eu mesma vivendo. Desfilar entre as nuvens e delas pular de para-quedas caindo ao mar e poder respirar embaixo da água e por lá ficar por muito tempo, até me sentir exausta, para depois então deitar na areia marcada de uma praia deserta com um livro entre as mãos, um livro novo, para eu fechar os olhos e respirar naquelas páginas sentindo o aroma de papel, e quando abrir os olhos eu vou estar na minha montanha-russa, cheia de altos e baixos, cheia de curvas, que me faz virar de cabeça para baixo sem segurança alguma, que dará uma volta inteira ao planeta, na velocidade de um cometa, aos poucos ela irá se transformar em uma roda-gigante, lenta e calma e terminará sendo minha cama, uma cama encantada, com uma coberta de sonhos realizados, estampada com estrelas brilhantes. Quero por um dia uma vida leve como uma brisa. Ninguém vai precisar me notar, pois vou estar na melhor companhia do universo, a minha.