quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Don't be afraid of the Dark



Eu sabia, a cada passo torto daquela tortuosa noite eu me encontrava e é como se eu já soubesse de onde vinha, um som nada agradável invadia meus ouvidos e insaciavelmente eu clamava de sede, mas uma sede diferente, uma sede quente! Parei ainda duas ou três vezes sentindo cheiro de sangue, mas quando eu me olhava não via sangue algum, parecia que em minhas veias não corriam mais hemácias, sem elas, sem oxigênio, e eu nem mesmo respirava, eu estava gélida e pálida, seca! Minha visão aos poucos se enquadrava e por fim eu enxergava a entrada principal do parque onde a pouco eu saíra, eu dei voltas e mais voltas sem se quer mover-me do mesmo lugar, logo notei ouvir um coração bater, mas não era o meu, mesmo porque ele não batia mais, quando olhei para trás senti um cheiro suave e uma voz acalentadora, era outra mulher, o mesmo sexo que o meu e mesmo assim eu a desejava, cada vez que ela respirava eu estonteava, eu a ouvia, mas não distinguia nenhuma palavra dita por tal, talvez me perguntasse se eu estava bem, não sei ao certo, só sei que com uma voracidade que tirei sabe-se lá de onde, eu pulei no pescoço dela e abocanhei, mordi e suguei tudo o que pude de sangue, em seguida retornei a mim, me vi repleta de morte e agora homicida, mas estava tão aliviada que não me restava tempo para arrependimentos. Me ergui, não sorri, caminhei, me perdi e sumi... Por mim, apenas pelo meu ser resolvi esquecer o nome daquele que verdadeiramente me transformara no monstro que ainda sou, por que esquecer? Dizem que quando você lembra o sofrimento dura uma eternidade, e no meu caso isso passa a ser real.

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